Graça e Paz a todos os santos em Cristo Jesus.
Permitam-se abordar um tema bem polêmico, mas necessário. Aviso que o texto
será um pouco grande, mas lhe garanto que não vão se arrepender de terem lido. Falemos
agora sobre “DÍZIMOS”. Não são poucas as investidas para justificar a
obrigatoriedade do dízimo nas instituições religiosas. Dentre os argumentos
utilizados pode-se listar por exemplo: O dízimo para afastar o devorador; O dízimo para manutenção
da “casa de Deus”; O dízimo como complemento de uma justiça maior do que a dos
fariseus. Tais argumentos são feitos sem considerar algo relevante: Os
ditames da Nova Aliança.
Muitos dizem que o dízimo existe antes mesmo da própria
lei mosaica. E estão certos. Dizem ainda que é um princípio que ultrapassa
alianças. Já nisso não estão de todo certos, pois Adão, antes da queda, não
dizimou. E mesmo Abel após a queda não deu dízimos, mas sim oferta voluntária. O
defensores do dízimo como “princípio” não observam que o louvor e a adoração a
Deus por meio de sacrifícios também precedem a lei mosaica e nem por isso
devemos nos sentir obrigados a derramar sangues de bodes e ovelhas para termos
a atenção de Deus.
A grande realidade é que a prática do dízimo possuía
como razão maior de existir a manutenção de um templo e de um serviço
sacerdotal. Por essa razão Malaquias apresentava a ordem de trazer todos os
dízimos a casa do tesouro para que houvesse mantimento na casa de Deus.
Entretanto devemos lembrar que existia somente um lugar, no mundo inteiro, que
podia ser considerado como a casa de Deus: o templo em Jerusalém, localizado em
Israel. Era nesse templo que exista a casa do tesouro (ou tesouraria).
O templo de Jerusalém era conhecido como a casa de Deus,
e seus sacerdotes se valiam dos dízimos para terem seu alimento. Por esse
princípio, todos os dízimos do mundo deveriam ser encaminhados para Israel, no
intuito de reconstruir o templo. Ocorre que Jesus expôs uma verdadeira profecia
quando disse: derrubem esse templo e em três dias eu o levantarei. Mas Ele
falava de um novo templo a ser erguido: “O corpo de Cristo”; “A Igreja
imaterial”; “o ser humano em Cristo”. Deus passaria a habitar no ser humano e
não mais habitar em templos construídos por homens.
Ocorre que, com o crescimento do cristianismo a partir
do século IV, houve a institucionalização da igreja. Com isso, um evangelho
híbrido começou a surgir. Ou seja: começou-se a mesclar elementos da antiga aliança
com a nova. “vinho novo em odres velhos”. Agora Cristo deixaria de ser o centro
e a instituição ganhava força para dominar. A ideia de um templo construído ser
considerado como casa de Deus retornou. De estilo de vida o cristianismo passa
a ser uma religião tão legalista quanto o judaísmo.
O que popularmente muitos conhecem hoje como igreja na
realidade são templos de instituições religiosas. Torceu-se a verdade de que
cada ser humano é um templo e remeteu-se isso a uma estrutura construída por
mãos humanas. Por tal razão é comum se ouvir nos púlpitos que todos deve trazer
o dízimo a “casa do senhor” (templos construídos), alegando ser uma ordem
divina. Porém não se sustenta tal fato se considerarmos a verdade de que só o
templo de Jerusalém era a casa de Deus.
Seria muito mais honesto e cristão dizer: “irmãos, nós construímos um
local para cultuarmos a Deus. Contudo custa dinheiro mantê-lo, por isso, assim
como fazem todas as associações, cooperativas, clubes e outras instituições
para se manterem, precisamos convencionar em nosso estatuto que todos
contribuam com uma mensalidade no valor de 10 % do vosso salário. O objetivo
principal será pagar as despesas com o templo e o salário de quem está
trabalhando dentro dele. Mas não se preocupem! Vamos prestar contas de todos os
recursos que entrarem e saírem.”
Infelizmente, apesar das instituições religiosas serem
pessoas jurídicas cadastradas, com a total liberdade de estabelecer critérios
para a associação de seus membros, muitos líderes preferem torcer as escrituras
para alegarem ser uma ordem divina dar dízimos em tempos de Nova Aliança, sob a
ameaça de ter todas as finanças devoradas por um demônio. Certo é que alguns líderes o
fazem porque assim aprenderam. Não tiveram a oportunidade de aprofundarem-se no
que está escrito e nem como agora vigora a Nova Aliança em Cristo Jesus.
É necessário que entendamos que, após a morte de Cristo,
uma Nova Aliança foi firmada. Agora, todo aquele que crer em Jesus Cristo
torna-se filho de Deus e está dentro de Cristo, de maneira que todo aquele que
é nascido de Deus não é mais tocado pelo maligno. Agora não é o dízimo que
afasta o devorador é o fato de você estar em Cristo Jesus. Atribuir ao dinheiro
ofertado a capacidade de afastar o maligno é uma demonstração de torção das
escrituras.
Há quem ensine inclusive que, nos tempos da graça, após
a cruz ficou mais difícil e pesado seguir a Deus. Relembram que os cristãos da
igreja antiga vendiam todos os seus bens e deixavam aos pés dos discípulos. Alardeiam
que um casal (Ananias e Safira) foram mortos justamente porque não deram o
dízimo integral. Isso é deveras maligno de se ensinar. Demonstra o quão
comprometidos com o deus “mamon” (deus ligado ao dinheiro) estão muitos
líderes.
Primeiramente devemos lembrar que a igreja nos tempos dos
apóstolos cria piamente que Jesus voltaria nos tempos deles. Provavelmente muitos
não viam mais razão para terem bens se o Messias iria leva-los para os céus. Com
isso vendiam todas as suas propriedades e depositavam o valor aos pés dos
apóstolos para que, em comunidade pudessem viver, e serem mantidos com os recursos
entregues. Isso foi uma das razões que levou a igreja de Jerusalém passar por
necessidades.
Foi por conta disso que Ananias e Safira, vendo uma grande
oportunidade de terem mantimento vitalício, resolveram fazer parte da comunidade
entregando seus bens parcialmente. Afinal
teriam duas seguranças: a de parte dos valores dos seus bens e uma verdadeira
assistência perpétua por parte dos membros da igreja. Eles não eram cristãos. Apenas
queriam se aproveitar do sistema cristão que estava se estabelecendo, o qual se
assemelhava a uma verdadeira previdência social para a época.
O pecado deles os matou. Diferente do que muitos dizem,
não foi o Espírito Santo que os matou. Dizer isso pode ser considerado como uma
verdadeira blasfêmia. Jesus Cristo veio para dar vida e vida com abundância. Dizer
que o Consolador matou um casal por não ter dado dinheiro, margeia um dos
piores pecados.
Há que diga que Jesus mandou cumprir o que os fariseus cumpriam
e ainda mais. Ou seja: dizimem de tudo e façam ainda mais. Jesus Cristo veio
para cumprir a lei. Jamais poderia falar contra ela. Se assim não fosse a lei
não passaria. Pois Ele mesmo disse que nem um jota ou til se omitiria da lei
sem que tudo fosse cumprido. Ocorre que agora, na Nova Aliança em Cristo Jesus,
a fardo ficou leve. Jesus cumpriu a lei e tirou o nosso jugo.
A verdadeira oferta cristã, indicada por Paulo, consiste
na entrega de nossos corpos como sacrifícios vivos, santos e agradável a Deus. Também deve-se ressaltar o fato de
não mais haver um
templo feito por mãos humanas que seja considerado casa de Deus. Agora Deus habita
em seres humanos. A casa de Deus que agora não pode ficar abandonada são
almas humanas. Jesus deixou bem claro qual era o foco da missão da igreja:
vidas. Lembrem-se que Ele disse que um dia dirá a muitos:
“... Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me
destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me
recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me
visitastes. (...) Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos
o não fizestes, não o fizestes a mim. Mateus 25:41-45
Hoje a casa de Deus somos nós. A bíblia deixa isso bem claro,
por exemplo em Atos 7:48; 17:24, I coríntios 3:16; Romanos 8:9; Efésios
2:19-22. Assim, torcer as escrituras no sentido de dizer que um templo feito por
mãos humanas é a casa de Deus, traduz-se como uma ação maligna e cruel que mata
a fé de um ser humano. Promove uma idolatria institucional quem faz uma coisa
dessas. Por tal razão existem muitas pessoas aflitas, doentes e angustiadas
dentro das chamadas Igrejas (instituições). Não discernem bem o que vem a ser o
corpo de Cristo.
Alguns chegam a dizer que do dízimo não se pode retirar
nada para ajudar ninguém. Que se quisermos ajudar, seja isso feito com a parte
que sobrar após o dízimo. Pergunto: se o dízimo anunciado for uma parte pertencente
a Deus, alguém acha mesmo que Ele preferiria deixa-la para pintar uma parede ou
pagar a parcela de uma cadeira ao invés de matar a fome de um faminto?
É muito bom ter um lugar para cultuar. Não sou contra
isso. Acredito inclusive que poderíamos estabelecer mensalidades de manutenção
de templos, acompanhada de uma honesta prestação de contas do que é feito dos
valores empregados. Creio inclusive que existam muitas instituições religiosas
sérias que são honestas na hora de pedirem contribuições. Entretanto a triste
realidade é que hoje também existem muitas instituições que impõem dízimos,
cuja entrega é feita sob a ameaça de uma visita demoníaca para devorar as finanças
de cristãos, serve para movimentar uma de duas coisas:
· “uma empresa religiosa com
fins lucrativos, que é passada de pai para filho, tendo alguns agregados se
beneficiando desse sistema.”
· “um império político-econômico,
cujo controle de massas, por meio do pavor do inferno e do devorador, garante
que os tornem em verdadeiras moedas de troca em eleições políticas.”
Acham que estou exagerando? Façam uma pesquisa simples e
vejam que muitos líderes não prestam contas aos liderados, mais aos seus
superiores o fazem. E quando isso fazem, não tem como foco o número de pessoas
alcançadas pela palavra de Deus ou por uma ajuda em suas vidas, mas alardeiam
como vitória o montante arrecadado por mês. Quantos almejam liderar um grande
campo de trabalho religioso não para conduzir vidas aos céus, mas porque tal
campo é notoriamente rentável a quem estiver a sua frente. Quantos apresentam os
membros, a candidatos políticos, como votos a serem barganhados.
A grande realidade de hoje é que Jesus Cristo tem sido
retirado das pregações em muitas instituições. E o dinheiro tem sido colocado
em seu lugar. Muitos pastores estão colocando mamom (deus do dinheiro) no trono de seus corações ao invés de Cristo. O
evangelho para muitos se tornou um negócio rentável. NÃO SEJAMOS ASSIM.
Lembremo-nos que vidas são a verdadeira razão de
estarmos nesse mundo como igreja de Cristo. Pessoas são os templos e
verdadeiras casas de Deus que não podem ser abandonados. Não é pecado ajudar a
manter um templo de tijolos e seus funcionários. Mas se torna pecado dizer que
isso é obrigatório sob pena de ser prejudicado por um devorador. Cristo nos
libertou. Sejamos livres para sermos a Casa de Deus onde estivermos. Afinal Jesus
assim falou:
“(...) crê-me que a hora vem,
em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Mas a hora vem, e agora é, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o
Pai procura a tais que assim o adorem.”
João 4: 21, 23
Lembrem-se: Vidas humanas são a verdadeira semente a
serem plantadas no Reino de Deus.
Um abraço a todos vocês, de vosso amigo e irmão:
Oráculo.
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